Mito ou verdade: a lua cheia influencia o trabalho de parto?

É do conhecimento geral de que as grávidas de final de tempo, procuram no calendário a noite de lua cheia como sendo o seu dia de trabalho de parto. Será mito ou verdade? Uma lua cheia poderá ter influência no trabalho de parto?

Esta é, sem dúvida, uma crença aceite em muitos povos e países: as pessoas em todo o mundo têm uma fé profunda na capacidade da lua em afetar a fisiologia humana. A data do nascimento de uma criança é apenas mais um episódio que se acredita ser afectado pela lua cheia. Antes dele, já a concepção e a fertilidade também tinham sido associadas às fases da lua; bem como outros como as taxas de homicídios, taxas de suicídio, ou maior número de admissões em salas de urgência. Segundo as crenças, supostamente  todos estes episódios aumentam numa lua cheia. Para já não falar das personagens estranhas e sobrenaturais que apareceriam também nas noites da lua cheia, como os lobisomens…

Este efeito é comumente chamado de efeito lunar, e, no que diz respeito aos nascimentos, a principal explicação para o efeito baseia-se na atração gravitacional da lua em relação á Terra. Ou seja, acredita-se que a gravidade da lua terá a capacidade de alterar a o corpo de uma mulher da mesma forma como controla as maré (até porque se sabe que o corpo humano é de 80% de água). Isto, aliado ao facto de que tanto a menstruação como a ovulação seguem um ciclo lunar – já que ocorrem mensalmente -, não parece assim tão disparatada a ideia de que a lua também poderia ter uma voz activa no momento do parto.

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Mas… será mesmo assim? E, a não ser, por que é que tantas pessoas acreditam em tal efeito?

Há, no entanto, um número limitado de evidências empíricas para a existência de tal fenómeno. À medida que se aprofunda o estudo científico da conexão entre o nascimento e a lua cheia, torna-se rapidamente claro que esses estudos que apoiam o efeito lunar estão errados. A grande maioria das evidências revela que o efeito lunar é o mito, e não a realidade científica.

Mas… Se há tanta evidência contra o efeito lunar, por que a crença está tão difundida? Praticamente as mesmas razões pelas quais muitos outros contos de esposas velhas ou lendas urbanas levam um forte seguimento: é fácil de acreditar. Depois há o chamado “viés cognitivo”, que é um fenômeno psicológico em que as pessoas absorvem todas as evidências que sustentam sua crença e ignoram todas as evidências em contrário. Nesse caso, isso pode significar que uma enfermeira percebe cada vez que a sala está cheia numa noite de lua cheia, mas não percebe cada vez que está cheia num noite de lua noutra fase.

A.C. Trindade

(Fonte: BirthSource Web site)

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Novo químico faz com que as impressões digitais brilhem durante vários meses

Um novo químico revela impressões digitais ocultas com um brilho fluorescente que dura durante vários meses. Esta nova substância pode ajudar os investigadores forenses a identificar impressões em superfícies de plástico e metal, que brilham naturalmente sob luz ultravioleta (Chemical & Engineering News). Para além disso, há também a vantagem de, usando este novo tipo de material, se obterem imagens mais precisas e detalhadas de impressões digitais do que os tradicionais impressões digitais em pó.

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Tal descoberta trará um avanço valioso também para diagnósticos médico, uma vez que a resolução limpa de sulcos da impressão digital fornece igualmente informações sobre o metabolismo de um paciente.

A.C. Trindade

(Fonte/Foto: Science)

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Porque é que os nossos dedos ficam enrugados durante o banho?

Padrões periódicos , como linhas e pontos, estão presentes na Natureza, podendo variar desde pequenas rugas em materiais macios (como a pele) para padrões muito maiores como nos fluxos de lava de um vulcão.

As rugas são frequentemente observadas em abóboras, melão, nozes e frutas desidratadas ou até mesmo na pele de grandes animais (por exemplo, elefantes, rinocerontes) e répteis. Os sistemas biológicos também apresentam inúmeros padrões periódicos auto-organizados, como o padrão dos intestinos ou das artérias, do padrão da superfície do cérebro e das estruturas de superfície nas folhas da flor de lótus. Até mesmo na escala celular, se observam ondulações, como é o caso das células de neutrófilos humanos ou nas células de germinação de peixes.

Alguns desses padrões estão presentes em sistemas tão sofisticados e resultaram da evolução e selecção natural ao longo de milhões de anos. Têm funções práticas e também podem conferir alguma vantagem de sobrevivência ao organismo.

A rugosidade da superfície desempenha um papel importante na nos sistemas biológicos: as superfícies rugosas são benéficas na adesão celular, disseminação e crescimento, e na cicatrização de tecidos devido às suas semelhanças estruturais com as redes extracelulares.

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Com certeza todos nós já ficámos dentro de uma piscina ou de uma banheira durante tanto tempo que seus dedos ficaram enrugados. Mas por que isso acontece?

Até há bem pouco tempo, as pessoas assumiam que o enrugar das palmas das mãos e dos pés era o resultado de uma passagem de água na camada externa da pele, o que fazia inchar a pele. No entanto, desde a década de 1930 que se sabe que o efeito não ocorre quando há dano nos nervos nos dedos. Isso aponta para que a mudança seja uma reação involuntária pelo sistema nervoso autónomo do corpo – o sistema que também controla a respiração, a frequência cardíaca e a transpiração. Recentemente, investigadores da universidade de Newcastle (UK) mostraram que os dedos enrugados são uma reação do sistema nervoso autónomo: é mais fácil pegar em objetos molhados com dedos enrugados. Testes laboratoriais confirmaram uma teoria de que os dedos enrugados melhoram a aderência em objetos húmidos ou submersos. Este enrugamento diferenciado é causado por vasos sanguíneos que se contraem abaixo da pele mais espessa das palmas das mãos e pés, conduzindo à formação de rugas. Neste estudo (publicado na revista Biology Letters), vários participantes pegaram objectos secos e objectos molhados, de diferentes tamanhos, com  as mãos secas e com os dedos enrugados após terem sido colocados em água tépida por 30 minutos. Os objectos foram mais fácil e rapidamente apanhados com os dedos enrugados e molhados do que com os dedos lisos e secos .

O que devemos fazer quando isso acontecer? Nada! Este efeito desaparece rapidamente por si só assim que secar. Este é, pois, um reflexo espontâneo que terá evoluído para melhorar a manipulação de objectos quando estamos dentro de água.

(A.C. Trindade)

Fonte: B. Summers, Nature (2013)

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